domingo, dezembro 31, 2006

Morresses em mim

Medos secretos sem serem salvos acusam os olhos negros de um sentimento que nem se sente....mexo perante a exactidão dos teus passos, percebo os sons que o teu olhar faz, percebo que se morresses antes de eu viver nada ficaria nesta terra para se ouvir, olho em volta, nada para se ver, para se gostar ou abraçar, temos-se a dançar, adorando uma musica, só ela pura, continua a cantar, és tu que me alegras, respira, ouve....os nossos braços estão livres, porque não abraçarmo-nos? Eu poderia trazer esta música para uma nova vida, porque não? Para a tua vida, sem uma terra sentida, sem um senhor vivido, a paixão, a sensação de um calor nos subir o nervoso, abraçando algo que nos dá coragem para seguir as loucuras de um risco, talvez.....nem sempre estou certa, mas.....mas não ficou nada para eu fazer a não ser sorrir de felicidade e medo, no fim só penso, e se morresses para a minha vida? Se de repente te desmoronasses em frente do meu olhar frio e triste com tamanha derrota? E se eu percebo que é cedo ou nem sequer está na hora de sair ou ir embora? Não! Não, eu tenho as noções sérias e as protecções para as perdições...tenho a sabedoria de um saber, a tendência de não saber perder, por isso temo e tremo, e se te perco?

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Foi quando te necessitei que não estiveste. Foi quando te precisei ouvir que não falaste. Foi quando o telefone não tocou que te senti ausente. Foi quando me senti sozinha que o desejo da tua presença não bastou. Foi quando me vi no escuro que percebi perder-te. Mas não. Porque foi quando menos esperei que te revelaste. Quando não estiveste nem falaste, e mesmo ausente, me encontraste. Até agora conservo a magia do teu toque em mim. Até agora o olhar que não vi ainda me acalma. Até agora é a tua mão que complementa a minha.

Os laços muito apertados nunca se conseguem desfazer. O tempo foi passando e o laço a apertar. Se cairmos, caímos os dois pensava eu sem saber que tinhas a faca que iria cortar o laço no momento que ficamos suspensos no abismo. O único que caiu no chão onde morrem os amores fui eu. Não devia ter deixado que o tempo apertasse tanto o maldito laço que ainda hoje me arrasta. Nunca consegui desfazê-lo apesar de todas as noites perdidas a tentar descobrir as suas voltas misteriosas. Tudo acontece tão rápido, tudo tão breve, tudo tão nulo. Afinal os momentos felizes são só intervalos no tempo permanente de tristeza que nos cobre sempre. Ninguém vive de amor em part-time. Nunca estamos certos, ou errados, somos o que o acaso faz de nós. Cá dentro as nuvens continuam suspensas pelo teu sorriso que não aparece.

Mamã...

"«tens de compreender que sou homossexual, mamã, sempre fui homossexual, provavelmente quando estava na tua barriga já me estava a tornar homossexual, mas, por isso, não sou má pessoa, por isso não deixo de te amar, se ao menos pudesses compreender que não sou maricas para te chatear, para me vingar de ti, que sou homossexual porque é essa a minha natureza e porque eu não posso mudar, e por favor, não vejas a minha homossexualidade como um castigo de Deus, como uma coisa terrível, porque não é, olha-a antes como uma oportunidade para compreender melhor as pessoas, para compreender que as coisas são mais complexas do que parecem, que as coisas nem sempre são brancas ou pretas, compreende, por favor, mamã, que no fim de contas a única coisa importante é que eu também te amo, te amo muitíssimo, mas não posso deixar de ser quem sou, não posso nem quero deixar de ser quem sou, e tenho de aprender a gostar de mim e a respeitar-me e a não atraiçoar a minha orientação sexual, e a dizer às pessoas que sou homossexual sem ficar por isso corado e sem me sentir sujo, porco, má pessoa, porque não o sou, sou teu filho, amo-te muito, sou homossexual e sou boa pessoa, e, se Deus existe, Ele contar-te-á algum dia no Céu porque lhe apeteceu fazer-me homossexual.»"
Jaime Bayly

segunda-feira, dezembro 25, 2006

De mais


Quando digo "eu", já estou viva... Eu.
Gosto de me sentir assim. Não doente, a doença é um pretexto para chamar a atenção e eu não preciso de pretextos. Gosto de pensar que estou bem, as pessoas cicatrizam melhor que as chávenas de porcelana, ou assim penso. Gosto de mentir, ou assim penso. Não há mentira pior do que uma verdade mal compreendida por aqueles que a ouvem. Explica. Não acredito na sorte. Sorte? Não. Existe sim, uma preparação para um momento de determinação. Que será necessário inventar ou descobrir em mim para saber que tenho o que quis, quando o tiver?
Espera... Vou visitar os sonhos... Afinal é nos sonhos que o coração vê os nossos desejos. Sei que mudei, mas não sinto ter mudado (podes mudar de chão mas não podes mudar de céu). Vivemos para ser aceites, sentir que pertençemos. Pertenço? Não penses... Não de mais... Talvez...Talvez tenha finalmente encontrado alguém com quem posso rir. Mas... Apenas amamos aquilo que não possuímos por completo. Amar-me é sinónimo de mudança.
Tudo não deixa de ser patético... Seja, então, por isso, que ultimamente tenha vindo a sentir uma patética felicidade. Bom mesmo é o início, porque a seguir vem o fim.

sábado, dezembro 23, 2006

O nosso Mundo


E de repente........ puff....

Porque gosto de ti







Fiquei à tua espera e a tristeza foi-me cobrindo como noite. Ao adormecer estava fria, ao acordar estava morta.

Algo como eu

Lembro-me daquela tarde encostada à janela da varanda a ver a chuva nas folhas e a ouvir qualquer coisa que na altura me pareceu bem. As poças de água acumulavam-se nos vasos gigantescos e eu enrolada em lençóis caminhava pelos corredores sentindo-me sem essência. A tristeza ela própria parecia sem essência, como se estivesse entretecida em mim. Nada de desespero, só a tristeza e nem passado nem futuro, mas só a luz cinzenta de um dia de Outono em que eu não percebia como era possível sobreviver assim, sem qualquer vontade de viver. Contudo, o prosaico de eu ir mudando os CDs na aparelhagem, enchendo a casa de passos de música e silêncio, que eu executava sem sossego, demonstravam que eu não estava morta, eu era morta. A minha sobrevivência é a colecção da vida por entre a morte.

Ela acordou e sentiu-se feliz. O alarme regurgitava música dos Coldplay e ela sorriu. Os olhos brincavam-lhe com os raios de sol que se surripiavam por entre as cortinas grossas. Ouviu os passos sobre si, de quem já andava a labutar os dias sempre iguais. Era mais um dia de uma série de dias, mas hoje ela sentiu-se feliz por razão nenhuma. Os olhos brincavam com o sol e ela sentia-se feliz. Por razão nenhuma. Por razão nenhuma, ela pensava, por razão nenhuma, o que significa algo, significa pela nossa razão, porque não há razão nenhuma para nada.

sábado, dezembro 09, 2006

Só queria que soubesses



Porque queria acreditar que sim, talvez fui levada de encontrão a um não. Seria fácil ter o que sempre ambicionei, mas nada assim o é… nem tu, nem eu, nem nós… somos agora sombras num chão que arde de calor. Vou desvanecendo assim que o dia acaba. Vou acabando com ele, contigo… Pó e cinzas, memórias apagadas por um futuro promissor, talvez. Só tenho de deixar, de deixar de ter medo de perder o que não tenho, deixar de esperar por ti, deixar de. Nietzsche, disse-me, “Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o.”. Ouvi... Quando me vires passar deves sentir-te muito orgulhoso, apenas de ouvir o meu calcanhar bater no chão à medida que passeio o que de mim resta, pois tudo o que vires nada será senão a reposta às tuas perguntas. Tudo o que queria se resume a momentos como este, em que saboreias o que perdeste, tudo o que tiveste, o nada que sempre foi teu. Nada mais acrescento, “Falhamos ao traduzir exactamente o que se sente na nossa alma: o pensamento continua a não poder medir-se com a linguagem.”.

sábado, dezembro 02, 2006

O nada que tudo é

Estranha a razão deste novo post... Contudo sentei-me ontem a "falar" com um amigo meu, e cheguei a algumas conclusões, talvez não conclusões, mas mais a alguns esclarecimentos. Não tenho razão alguma no que digo? Talvez não... Depende de quem leia. Apenas queria que soubessem, isto é, não têm de saber nada!! De qualquer forma, ficam a saber que o nada que vos disse, teve um grande abalo na minha perspectiva!
Obrigada, L.Afonso;) foi bom ter-mos "falado".

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Believer or not...


Não sou nenhuma revolucionária em nome das pequenas oprimidas, elas fazem-no lindamente sem mim. Somos diferentes (ainda bem), com pontos de vista visivelmente opostos (ainda bem ao quadrado), afinal somos seres contrários! E deixem que vos diga, que não apanharam nada do que eu quis aqui expor, e como tal, vou continuar a escrever sobre o assunto, gosto de escrever sobre tudo aquilo que também a vocês irrita, a vossa quase inutilidade... uii... agora é que me aniquilam.... Talvez até tenha de ter alguma coragem, afinal estou a habilitar-me a que nunca mais qualquer rapaz volte sequer a olhar para mim, olha que coisa... Contudo, na impossibilidade de ser mulher, contento-me em ser rapariga. Mais coerência.
Já que me tentaram convencer de que voçês sabem plenamente aquilo que fazem e o que querem, quem sou eu para dizer que não, afinal, consideram-se, acima de tudo Homens! Óptimo... Mas como eu não sou uma conformista, temos pena, mas vou ter de o voltar a fazer!
Homens, rapazes, gays, bichas, (o que quiserem) aqui vos dedico mais um episódio. O que será ser diferente? Ser negro no meio de brancos? É ser gordo no meio de magros? É ser baixo no meio dos altos? É ser aluno no meio dos professores?Não! Para mim ser diferente é ser rapariga (possível mulher), no meio de miúdos (possíveis rapazes)! Como é bom andar dum lado para o outro com as hormonas aos saltos, a pensar no último filme pornográfico que viram, naquele anúncio da outra em bikini, como é bom pensar que podem mandar no mundo! Sim, no mundo porque para muitos (não estou a generalizar), o vosso pequeno mundo não passa de verem gajas nuas, e passarem noites e noites a terem sonhos eróticos, e sabe-se lá mais o quê... Para nós não passa dum pequeno mundo selvagem!! Vocês quando procuram alguém, independentemente do sexo(...) procuram alguém que vos ajude a controlarem-se. Errado? NÃO!! Precisam de saber que há alguém que esteja lá quando precisam, também nós... Espera... Será que temos alguma coisa em comum? Hummm... Não... engano o meu!! Atenção, eu não sou nenhuma feminista, como já disse também não sou nenhuma revolucionária, pelo contrário gosto bastante de pessoas do sexo masculino (não quero cair no erro de especificar, se homens ou rapazes, ficará para uma próxima). Aquilo que tento é um mundo melhor para mim, e para aquelas que também o procuram! Sabem que resulta? Há uns tempos uns investigadores entrevistaram várias pessoas relativamente a maçãs. Umas disseram que preferiam as vermelhas, outras verdes, mais doces, mas amargas, uma mistura... Por conseguinte, depois de chegarem a um ponto de equilíbrio, repararam que as vermelhas/alaranjadas/adocicadas/ácidas, eram a escolha perfeita! As vendas subiram, e muito!! Agora encarem isto, não como um interrogatório, mas sim um - de mim para ti - isto é, dicas de mão beijada! Nós, tal como com as maçãs gostamos de vocês: vermelhos (madurinhos), alaranjados (sabem que o laranja abre o apetite?), adocicados (docinhos como o mel), ácidos (para manter esta vida fora dum sonho). Apanharam?? Não é dificíl perceber... Já vocês gostam de nós, altas, loiras, de olhos azuis e com um controlo remoto, principalmente com o butão de "mute"!! Uiiii... fogueira comigo, já sei!!
Mas há mais qualquer coisita nisto tudo, quer dizer em vocês, algo que todos partilham mas que raramente foi falado (mais uma vez não estou a generalizar). Vocês todos têm desejos, e deixando os mais porcos só para vocês, aqui exponho um. Querem ser raparigas e ter maminhas!!! Por isso escolhem namoradas que as tenham bem GrAnDes, para darem para os dois!! Então, na realidade não passam de raparigas presas num corpo de rapaz, e só por isso deviam compreender-nos melhor. Muito melhor! Não somos complexas, contudo dado que vocês são tão previsíveis talvez aos vossos olhos assim o possamos parecer. Mas muito não sabem vocês sobre nós... Sabem que temos "medo" de vocês?! Pois... Apenas um apontamento...Ser rapariga implica a sua dose dupla de cobardia no que diz respeito a encontros imediatos com rapazes.
Mas isto assim, é enfadonho...
Durante os primeiros anos da nossa vida (agora para as gajas!!), brincámos descontraidamente com os rapazes, nos anos que se seguiram evitámo-los que nem uma carraça e agora, surpresa das surpresas, começamos a interessar-nos novamente por eles. Não é algo que aconteça do dia para a noite, mas gradualmente, quase sem o querermos, começamos a ficar interessadas neles. Queremos conhecê-los melhor. Sabemos que, afinal de contas, somos capazes de querer casar com um deles (ou uma sua versão adulta). (Sabem porque é que as pessoas se casam? Porque precisam de uma testemunha para as suas vidas). Afinal, os rapazes são inofensivos!! Revelam a mesma falta de confiança e a mesma insegurança que nós, e ficam tão petrificados na nossa presença como nós na deles! Lá está, na dos rapazes, ficamos é parvas com tudo o que ouvimos!! Agora algo que vou generalizar, sim!! Quer tenham 15, 20, 30... não interessa, isto dá para os categorizar a todos: por muito que gostemos deles quando estão sozinhos, serão muito diferentes na companhia dos amigos!! Até o mais odioso, desbocado e importuno pode ser um cachorrinho encantador e doce - quando está sozinho. Mas, infelizmente, os rapazes têm espírito de bando!! Quantos mais, melhor!
Lá bem no fundo, os rapazes até são pessoas muito simpáticas, normais e sensíveis que gostam de animais, criancinhas e até de raparigas. Valha-me Deus! Isto não parece muito credível, pois não? Os rapazes devem lutar como ursos, ter músculos de aço - e estão convencidos de que a gentileza e a bondade nada têm de viril! Assim, desde muito cedo, os rapazes aprendem que, apesar de se sentirem enternecidos e emocionais por dentro não o devem fazer por fora. Quando têm algo que os atormenta, não se podem manisfestar devidamente sob pena de poderem ser rotulados de maricas! Contudo, cada vez mais o jogo muda... Agora tentam cada vez mais mostrar o seu lado sensível, só para dar aquele ar de coitadinho, é tão fofo... pois pois... É que eles repararam finalmente que ser bruta-montes hoje em dia, só é bom para espantar bestas (ainda maiores)... Eu tento... mas não consigo, é mais forte que eu, não consigo parar de vos criticar... sorry!! Mas ao menos aprendem o que não fazer!! ups... agora vão ter de aprender tudo de novo... oh pah...
Eles gostam de Barbies, isso já nós sabemos, mas só gostam delas quando estão no tal bando, e as vêm numa discoteca, e um dos amigos o desafia a ir lá, ou então sozinho faz, só para mostrar que tem lata para ir falar com a tal boazona! Agora, minhas lindas, se tencionam embonecarem-se todas e ficarem à espera, são capazes de ganhar raízes, por isso aconselho um bom par de ténis (cuidado com as varizes-muito pouco estético), a não ser que queiram ir lá vocês... experimentem!! É que a espera pode vir a ser muito, muito, muito... longa. Eles muitas vezes preferem ignorar uma rapariga do que correr o risco da rejeição e da humilhação!!
Sabem do que é que realmente gostamos!?! Passar por alguma agonia mental, entregues às fantasias do amor. Mas não exagerem, por isso já sabem não se acomodem! Não fiquem a pensar que lá por gostarmos de vocês (pelo menos um!), nos têm como garantia! Muito menos daquelas garantias de dois anos!! Vejam-nos mais como um yogurte(lol), um prazo de validade muito pequeno, tem de se "comer" antes que se estrague! E não... mentes porcas as vossas... não nesse aspecto!! Perversos...
Acabar... pois bem... Quem é que gosta de acabar? Muito menos "ser acabado". Preocupa-nos o facto de a outra pessoa poder vir a decidir, depois de nos ter conhecido realmente, que já não gosta de nós. Que grande treta diriamos todos nós... É horrivel... Sentir que andámos a viver um sonho, que acabou em pesadelo. Como é que se sentem? Usados? Humilhados? Fariam tudo de novo? O mais triste é a resposta ser "SIM". O ser humano tem essa falha, acredita que o mundo é perfeito e que tudo tem uma explicação, até mesmo o simples facto de terem deixado de gostar de nós. Trocados... Não há trocas! Há escolhas! Ainda não fiz nenhuma, fazem-nas sempre por mim...
É possível que tenha chegado até aqui sem saber o que estou a perder. Nunca me senti apaixonada em relação a ninguém. Serei normal? A resposta é "Claro que sim". Não me devo preocupar. Há-de chegar a altura em que estarei preparada e então aparecerá alguém certo para mim. I'm a Believer! Até lá vou fazer figas para que muito boa gente mude.